Amor e gelato é um livro de ficção juvenil,
escrito por Jenna Evans Welch e primeiro livro de uma trilogia. Conta a história
de Lina, uma garota americana de 16 anos que acabou de perder a mãe devido a um
câncer no pâncreas e está indo passar o verão em Florença na Itália com Howard,
um homem do qual ela nunca ouviu falar na vida, e que supostamente é seu pai.
A adaptação ao lugar não é das melhores,
já que ele literalmente mora em um cemitério de soldados americanos que
morreram na segunda guerra, e Lina não está nenhum pouco aberta a conhecer,
acolher e conviver com esse tão repentino “pai” que nunca fez conta dela antes.
Os dias lá são tediosos, longos e ela preferia
mil vezes ainda estar na casa da melhor amiga, Addie, porém as coisas ficam interessantes
quando Lina recebe um diário de sua mãe, que ela escreveu na época em que
esteve estudando em Florença. A partir dele, ela pôde viver sua aventura, conhecer
a cidade por seus próprios olhos e pelos de sua mãe além de conhecer a sua própria
história, a que levou a sua existência.
Sempre digo que não sou fã de literatura
juvenil pois já estou velha demais para a maioria das histórias com adolescentes
de protagonistas, os adultos fazem mais meu estilo. Contudo, Amor e gelato
me chamou a atenção por ter esse enredo sobre um começar de novo em um local
totalmente estranho, ser tirado do seu ninho, superar algo grande que aconteceu
na sua vida e conhecer a si mesmo e sua história.
E ele me deu tudo isso e ainda mais.
Lina era tão jovem e mesmo assim tinha que
lidar com a morte tão repentina e prematura da mãe, que foi a única pessoa que
ela teve a vida toda ao seu lado, se mudar para um país estrangeiro, onde ela
não fala a língua e nunca havia ouvido falar de nenhuma das pessoas com quem
tem que conviver. Para quem tem 16 anos isso é um vendaval e tanto, poderia deixar
qualquer um de cabeça para baixo. E, na minha opinião, Lina lidou com isso muito
melhor do que eu imagino que faria no seu lugar.
O livro tem um enredo simples, que poderia
facilmente ter sido resolvido com 2 coisas: ler o diário todo de uma vez e conversar
com Howard.
Sim, teria sido simples assim, e evitado
todas as “confusões” e enroladas em que ela meteu a si mesma e a Lorenzo, um
amigo que fez por acaso. Mas o ponto sobre essa história é que ela precisava
ter acontecido como aconteceu. Lina precisava conhecer, experimentar, pesquisar
e descobrir com seus próprios passos e coragem. Só as palavras da mãe escritas
e as de Howard lhe falando não seriam suficientes para que ela sentisse que era
real e que fazia parte disso de alguma forma.
O diário eram os últimos fios da existência
da mãe, pura novidade, e ela não queria largar de todos eles assim tão fácil, tão
bruscamente. Lina necessitou ler ele pouco a pouco e sentir como se estivesse ouvindo
aquilo da própria mãe, uma mensagem direta para si. Lia sobre um lugar e o
visitava, o enxergava tendo em mente o que a mãe sentiu quando esteve lá.
Leu sobre se apaixonar em Florença e se apaixonou
também.
Mas o diário além de uma lembrança que a
fazia sentir perto da mãe, era também como um testamento, um discreto manual de
instruções que ajudaria que a história pessoal de Lina não contivesse a mesma
frase da de sua mãe “Eu tomei a decisão errada”, esperava que ela tomasse as decisões
certas.
Foi mágico. Fez Lina viver quando estava tão
letárgica e de luto, se aventurar. Sair de casa e conhecer novas pessoas. Se
encantar por um garoto bonito, provar gelato e amar, descobrir também o que é estar
apaixonada pela primeira vez aos 16 anos, e o que a fez se apaixonar. Conhecer
a sua história, e não ressentir ninguém, ao invés disso, fazer do seu coração
totalmente aberto.
Amor e gelato é
especial assim.
Me sentir como uma adolescente de novo e
não uma adulta. Me levou para passear pelas ruas lindas como se estivessem dentro
de um filme, porém fedidas de Florença, os visuais de Toscana, o movimento de Roma.
Trouxe o sabor de provar coisas pela primeira vez, explorar o inexplorado, o
gosto de um primeiro beijo inesperado.
Foi uma leitura imersiva e deliciosa, que
nem mesmo percebi passar. Quando notei já havia acabado e eu ainda queria saber
mais, queria dar mais um passeio de lambreta com Ren ou correr logo depois de
acordar com Lina.
Minha consideração geral é: Independentemente
da idade, leia.
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