Fangirl - Rainbow Rowell (RESENHA)


Quando descobri a existência de Fangirl, livro de Rainbow Rowell, não foi preciso muito tempo para que eu decidisse que seria a minha próxima leitura. Os motivos foram simples, óbvios e nada secretos: identificação com a vida da protagonista e minha própria história. Basicamente, eu me vi nela só em ler a sinopse (tirando a parte de descolar um boy legal).

O livro fala sobre Cath, uma garota de 18 anos que está lidando com muitas coisas novas ao mesmo tempo: saindo de casa e mudando para um dormitório minúsculo, que teria que dividir com uma completa desconhecida; não existia mais escola, agora era a faculdade; ficar longe do pai e a preocupação em como ele se viraria sozinho; o impacto da irmã gêmea idêntica, que sempre fora sua companheira e melhor amiga, agora querendo ser o mais distante e diferente de si possível.

O seu refúgio, desde a infância, eram suas histórias, as fanfics que escrevia da série de livro “Simon Snow”. E pelas quais era muito famosa, é preciso ressaltar.

A minha identificação imediata com a personagem de Cath veio exatamente daí, ela ser escritora, e escritora de fanfics. Assim como eu iniciei minha vida como autora: fanfiction. Mesmo amando fazer isso, escrever ficção, se escondia atrás do pseudônimo “Magicath”. Apesar disso, mesmo que eu não tivesse absolutamente nada a ver com a protagonista, teria conseguido simpatizar com ela, suas dores, dilemas e ficar ao seu lado.

A escrita de Rainbow é magnética a esse ponto.

Porém, isso não excluiu ficar com raiva e frustrada com o quanto ela conseguia ser idiota.
Bem como você se sentiria consigo mesmo.

Fangirl é um livro sobre amadurecimento. Como dizem no inglês “coming of age”, a vinda da maioridade, da vida e status de adulto. É tudo sobre incertezas, inseguranças, transição. Largar os pensamentos e sentimentos aos quais nos agarramos tão fortemente e que nos impede de crescer, de aceitar uma forma nova de pensar e sentir.

Cath é basicamente obrigada a aprender a ser independente, andar com suas próprias pernas e colocar a sua cara para jogo, já que não tem a irmã mais comunicativa e extrovertida para tomar a frente. Tem o choque de realidade do que é ter nas mãos o controle de sua vida; a vida não é e não pode ser só fanfiction, precisa ser vivida de verdade; pessoas se aproximam, se aproveitam e traem. Uma facada vem de onde menos se espera, e a mão te alcançando para ajudar também pode vir de alguém inesperado.

A nossa protagonista descobre a si mesma, em meio a confrontos que não queria ter, verdades que não queria enxergar ou dizer e entre as que gritava e os outros faziam-se de surdos. Encontrou amigos, seus amigos; amor e correspondência em um garoto incrível, que tinha a paciência de um agricultor, de plantar e esperar crescer em seu tempo, e o sorriso sempre pronto para ser distribuído.

Facilmente eu poderia ser só elogios para esse livro, principalmente quando me lembro do quão imersiva a leitura foi. E, nossa, eu precisava de uma história em que eu me sentisse calçando os sapatos do personagem.

Fangirl é ótimo, com toda certeza, mas não é perfeito. O final me impede de dar a ele o adjetivo de “excepcional”.

Senti que muitas problemáticas foram sendo trançadas durante o curso da história para serem resolvidas, muita expectativa sendo colocada em cima do momento em que acontecimentos específicos tomariam cena, e tais resoluções não foram dadas ao leitor.

A situação de Cath com a mãe foi pauta durante capítulos e discussões demais para ter ficado sem qualquer mudança, nem mesmo um diálogo. As diferenças, atritos e distâncias entre as gêmeas foi literalmente um motor para a movimentação do enredo do início ao fim.

Quantas vezes Cath não chorou por causa das ações da irmã? Ou porque queria desesperadamente conversar com alguém e agora pensava que era um incômodo para Wren? E as conversas em que culminaram em brigas aos gritos?

Contudo, a reta final do livro não me deu uma conversa, pedidos de desculpas, uma reconciliação de verdade. Cath merecia isso pelas coisas que passou graças às atitudes imaturas e egoístas da irmã. Assim como Wren merecia para firmar o seu desenvolvimento de personagem (que talvez fosse mais necessário e urgente que o da própria Cath).

Mesmo com o final insatisfatório, para mim, o percurso foi delicioso o suficiente para me fazer pesquisar mais sobre a autora Rainbow Rowell, e já estar muito envolvida na leitura de outro livro seu.

Esperem por ele na próxima resenha.

Share:

Postar um comentário

Designed by OddThemes | Distributed by Blogger Themes