How to buy
a friend é o novo drama da emissora KBS e, diferente do que a maiorias das emissoras
tem apresentado na atual safra, é colegial. Colegial para jovens mesmo. Porém, nos
enganamos ao pensar que somente pelo gênero se trata daquilo que estamos acostumados
a ver: romances açucarados, adolescentes ricos vs. protagonista pobre, conflitos
repetitivos, previsíveis e algumas vezes exagerados. Esse não é assim.
O drama
conta a história de Park Cha-Hong, o nosso nada heroico protagonista, que
apenas deseja ser um adolescente comum e invisível. O que é tão realidade que
nem vestindo um casaco laranja absurdamente chamativo ele se destaca, mesmo estando
presente e sendo procurado não é visto. O ninja! De repente, seu mundo tem um
confronto de realidades quando ele acaba se destacando por ganhar um concurso
de poesias.
É reconhecido
por sua paixonite, Eom Se-Yoon, o que é um sonho tornando-se realidade. O garoto
está no céu! Bendito seja o dia que ele resolveu escrever aquele poema. Mas também
entra na mira do valentão da escola, que o usa de saco de pancadas e quer usar
de ponte para chegar até Se-Yoon, e de Heo Don-Hyeok (interpretado por Shin
SeungHo, um dos meus atores rookies favoritos) um aluno recém chegado na escola
e que tem certa fama, se é que vocês me entendem.
Ambos,
tanto Se-Yoon e Don-Hyeok, o perguntam a mesma coisa: se a frase final do seu
poema foi ele que criou, ou se a ouviu em algum lugar. E o ninja não poderia
estar mais confuso. Circunstâncias maiores o fazem acabar em uma amizade de
contrato com Don-Hyeok, afinal ele precisa ter paz em sua vida. Que era antes
tão pacífica e agora virou de cabeça para baixo, o fazendo passar mais tempo se
arrependendo de ter escrito o maldito poema que qualquer outra coisa.
How to buy
a friend é como um dos chutes repentinos e bem no meio do peito que Don-Hyeok
sai dando avisando que chegou. Nada delicado, sutil e sem rodeio algum. Parece
vir de peito cheio falar de diferentes tipos de bullying, suicídio,
assédio, estupro, chantagem, preconceitos e rótulos sem censuras e sem esperar o
prato esfriar. Com eles não tem isso.
O ambiente
escolar ali é hostil e preenchido de indiferença e insensibilidade.
Adolescentes estão lançados à própria sorte, pisando em ovos o tempo todo para
não irritar alguém e levar uma surra. Os outros têm medo, os adultos não se
importam a ponto de parecer que nem existem. Alunos apanham diariamente e nunca
aparecerá alguém para ver, intervir. Alguém pode morrer e isso não abalará ninguém.
Para livrar-se
do bullying violento que sofria, Park Chan-Hong não recorreu aos professores,
conselhos ou que mais possa existir, ele se apoiou unicamente em quem é o agressor
do seu agressor. Irônico, não? Alguém fazer bullying com quem faz bullying para
acabar com o meu bullying. Aí você entende porque ele fazia tanta questão em
ser invisível. Ninguém ganha nada de bom por se destacar ali.
O drama
ainda conta com o misterioso suicídio de uma aluna um ano antes e as razões que
levaram a isso. Mesmo da forma desconexa e sem uma linha de tempo linear em que
as cenas são apresentadas, dão arrepios só de imaginar o quão sombrias são e quão
repugnantes são os envolvidos.
Segredos,
mentiras, desconfiança, o eterno arrependimento de ter deixado um amigo para
trás, vida de aparências, violência, chantagem, assédio, agressão, How to
buy a friend vem para mostrar que isso não é coisa somente de adultos.
Adolescentes são agressores e vítimas de outros adolescentes. Adolescentes matam
outros, diretamente, indiretamente, fisicamente, psicologicamente.
Contudo,
graças ao protagonista ser quem é, (basicamente um leigo, um alguém de fora)
podemos ter tudo isso entregue a nós por um ponto de vista que enxerga humor,
adora fazer analogias e usar metáforas, ama a primavera e música antiga, então a
cinematografia é muito claro, colorido e viva. O drama possui essa liberdade de
alternar entre momento tensos, leves, cômicos sem ser despeitoso, irresponsável
e/ou insensível graças a mente de Park Cha-Hong.
A visão de
Don-Hyeok, o seu ambiente, memórias e sentimentos são bem mais bagunçados, feios
e escuros. Alguém que carrega experiências bem diferentes da de Cha-Hong.
Os dois
primeiros episódios venderam muitíssimo bem o seu peixe. O elenco é de
qualidade, os atores conseguem perfeitamente entregar as emoções e pensamentos
de seus personagens, e temos até ganhador de Óscar por lá! A parte técnica
também não está fazendo por menos, fotografia linda, cenas na neve de encher os
olhos, enquadramentos, cortes que ressaltam a tensão e suspense, além de cenas
finais muito bem montadas para confundir o espectador ou testar se estamos
realmente atentos.
How to buy
a friend tem tudo para ser um destaque tanto desse ano, como dentro da
categoria de dramas colegiais. Continuarei assistindo e na torcida para que ele
realmente se construa mais semana após semana e consagre-se.
E você? O
que achou dessa estreia? Não viu ainda? Depois do meu texto, está pensando em
ver? Me deixa saber o que está na sua mente, vamos trocar essa ideia. Deixe seu
comentário ou me procura no nosso instagram também, @blogprimeiravida.
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