Primeiras impressões: The world of marriage


Current Drama 2020] The World of Husband and Wife/The World of the ...

Forte. Surpreendente. No mínimo, revoltante. Essas são as palavras que imediatamente surgem em minha mente quando penso na impressão que os dois primeiros episódios desse mais novo drama da emissora à cabo JTBC me deixou. E se você está lendo esse artigo já tendo assistido, sabe muito bem do que estou falando.

The world of marriage, como o próprio nome diz, fala de casamentos, mas não como os outros dramas, não usando a mesma linguagem e abordagem que nós já vimos antes. Nos apresenta um casal principal, as dúvidas e desconfianças da protagonista em meio a toda sua dedicação e genuína devoção à família, o comportamento suspeito do marido, o filho pré-adolescente, porém inocente, os amigos também casados e que parecem ter seus próprios problemas conjugais.

Ji SunWoo é uma médica. É uma diretora adjunta no hospital e diariamente está lá consultando seus pacientes e sendo a profissional que todos podem confiar para resolver os problemas internos com a maior rapidez e competência possível. Sim, ela é uma mulher de carreira, reconhecida e bem-sucedida. Ainda assim, todos os dias às 17:00 ela já está fora do trabalho, na frente da escola do filho esperando-o sair e juntos irem para casa. Lá pelas 19:00 o jantar está pronto. É essa a hora que o marido, Lee TaeOh, um diretor de cinema ainda tentando ficar famoso, chega do trabalho.

SunWoo é bonita, elegante, bem-sucedida em seu trabalho, mas não é arrogante, não negligenciou área alguma de sua vida para conseguir e manter isso. Como mãe é presente na vida do filho, o incentiva nas coisas que ele gosta, não corta suas asas, mas também o ensina a ter pés no chão. Como chefe de uma família sempre cuida da casa para dar a todos um ambiente aconchegante e confortável, refeições regadas a conversas, intimidade, proximidade. Com o marido é um suporte para o seu trabalho, seus objetivos e sonhos, a sua maior apoiadora, e faz isso de todo coração. Eles são próximos, íntimos, trocam carinho, se desejam.

Ela ama aquele homem, é visível. Ama o filho que teve com ele. Ama a família que eles formaram. Ama os amigos. Ama emprego. Sua dedicação a nada é por obrigação, tudo é de coração.

Ainda assim, ela foi traída.

Seu marido, que tem uma esposa incrível ao seu lado, arranjou uma amante.

O que SunWoo fez de errado?

Em que ela faltou?

Não chegou a ser suficiente?

O que ela fez que merecesse isso?

São perguntas que surgem na minha mente e na de qualquer pessoa vendo a construção espetacular do roteiro desse drama. Não, ele não parece ter feito nada de errado. Ela não merece isso. Isso é a maior canalhice que já vi na minha vida. Nós pensamos. E fazer assim, tão incisivo e duro é que faz essa obra diferente, marcante. Nos levando a sentir e sofrer junto da protagonista é a melhor parte disso, ao passo que desconfiamos com ela e só descobrimos as nojentas e dolorosas verdades junto a ela. Dói, é feito de forma tão violenta e súbita. Quebra a lógica que sem perceber construímos e nos sentimos desnorteados, como se fôssemos assaltados, algo fora levado de nós.

Para mim, esses dois episódios iniciais já me lançam uma reflexão que vale a pena se ter: existe algo que justifica traição? Há desculpa, motivo?

Ousado, corajoso, conscientizador, abridor de olhos, The world of marriage é uma obra que se apresenta sublime, construindo-se, mostrando-se bem diante dos nossos olhos como um quebra-cabeças, não vemos nada, aos poucos enxergamos algo aqui e acolá porém só entenderemos tudo quando a figura estiver completa. Nos convida a refletir sobre muito mais coisas que somente casamentos e traições. Seu enredo e temas ressoam especialmente em mim que sou mulher. Muito mais que uma obra que causa rebuliço no público com seus personagens de dar nos nervos por seus desvios (e ausência) de caráter, mentiras e cara de pau, esse drama é para nós, mulheres.

Mas isso fica para uma próxima discussão.


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