Você é passado. Isso é certo, mesmo que eu tenha levado um ridículo
tempo para assimilar isso. Sei lá, é só que na maior parte do tempo não pensava
em você, não lembrava que já houve um tempo da minha vida em que você, e um nós
existiu.
É triste isso, não é? Alguém que já ficou por tanto tempo, tomou um
grande espaço, participou de muitas coisas de repente vai embora, às vezes é
tirada, e vai aos poucos deixando de ser pensada, lembrada. A mente se treinando para que nem passe mais
por lá. Um dia vai ser como se nem estivesse estado lá.
Comigo não foi assim.
Eu ainda lembro de você. As memórias estão todas aqui. Às vezes penso
também, não com aquela ponta de nostalgia que sempre está ligada ao passado que
tem gosto bom.
Tem dias em que me sinto constrangida. É idiota, penso logo depois. Em
outros lamento, por mim é claro. Lamento não por ainda ter gravada a sensação
do toque de alguém que já não está mais, passou, é por ser o único que eu
conheci, os únicos lábios que já me sorriram naquele sentimento mais especial,
o único amor que já vivi.
Eu não me sinto com nenhuma parcela de saudades, no entanto. Penso em
nós, todo o tempo que estou sem alguém, e me preencho com o que chamei de
“ainda não”. Ainda não foi essa pessoa. Ainda não foi nesse momento. Ainda não
é o que você realmente merece. Ainda não é o que você quer, seu coração quer.
Isso é bom. Para mim, é ótimo, é o desejo por mais, melhor, estar
insaciada e aberta. É a consciência fixa do querer que move e alimenta a
esperança. E esperança, meu caro passado, é a certeza de que você e muito mais
já passou, não acabou por aí, ainda espero pelo sonhado que não chegou, mas
quero o presente, muito mais do que te quis.
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