Andava pelos corredores depressa, uma velocidade não recomendada até. No
elevador evitou fazer contato visual com qualquer que fosse com as pessoas que
estavam lá. Qualquer barulho a assustava como um filme de terror, e chamarem
seu nome era a última coisa que queria ouvir.
Não lembrava, mas tinha certeza que havia feito coisa errada.
Sofia sempre foi consciente de que era forte e resistente, mais do que
os qualquer outro que conheceu. Seu corpo poderia aguentar qualquer coisa,
desde vencer a catapora em poucos dias e sem uma marca a ter dengue três vezes
e nenhuma alergia. Entretanto, qualquer quantidade de álcool era capaz de a
derrubar, e com vontade.
Na noite anterior havia sido o jantar de equipe da empresa. Era uma
comemoração, confraternização ou só uma desculpa para comer e beber às custas
do cartão de crédito do chefe, chamassem do que quisessem, o relevante é que
ela foi, e ele, o próprio, também estava lá.
Agora um recado de que seu chefe estava a chamando chegara em sua mesa,
discretamente, e Sofia queria morrer. Nem sabia o quê ele realmente tinha para
dizer a ela, porém sua falta de memória dizia que não era uma promoção, ou
aumento. Se encolheu no caminho, parou os passos quase dez vezes, e já estava
ficando com dor de barriga. Que estresse, e ainda estava longe da hora do
almoço.
Entrou no escritório e assistiu ele se virar em sua direção, o paletó
com o botão fechado, fino, chique e segurando o seu destino naquelas mãos. Ele
nunca havia parecido tão assustador. Mandou-a sentar e ficar à vontade e Sofia
hesitou surpresa. Nisso que dava ter culpa no cartório.
— Você sabe a razão de eu ter chamado você aqui, Sofia? — Seu chefe
perguntou depois de observá-la tamborilar os dedos nas coxas por minutos. Os
mais longo de sua vida, vale ressaltar.
A pergunta a fez pensar na noite passada, no que conseguia pensar ao
menos. Havia comprado um vestido novo, caro, da última moda e relativamente
sufocante; copiou uma maquiagem da maior especialista nisso da internet, com
um único objetivo em mente. Tudo que havia conseguido foi sentar perto daquele
chato, que não conseguia falar uma verdade nem para salvar a própria vida.
E seu chefe lá, do outro lado, tão lindo tão maravilhoso, tão seu tipo
ideal, tão longe. Sofia, frustrada como estava, fez o que qualquer pessoa com
álcool de graça na sua frente e o coração partido faria: bebeu.
— Não. Não sei. — respondeu na maior cara de pau. Ele sorriu e ela
engoliu em seco. A demissão estava vindo.
— Eu vou ser direto. — O chefe respirou fundo cruzando os braços sobre o
peito. Sofia teria refletido sobre o quanto aquilo havia sido sexy se
fosse momento para isso. Estava muito ferrada. — Ontem você me esperou na saída
do restaurante. — Nossa Senhora. — Me parou e colocou o dedo no meu
rosto, perguntou o quê eu achava do seu vestido novo, que eu não iria embora
sem reparar na sua maquiagem. — Pronto. A demissão era certa.
— Eu posso expl-
— Você também me chamou para sair. — Era o fim. Onde estava um buraco
para se enfiar quando precisava?
— Desculpa. Eu realmente não deveria ter bebido. Eu sou fraca para
álcool. — Ele a observava sorrindo, parecia até se divertir com seu desespero.
Era sádico ou só malvado? — Desculpa. Eu entendo você me demi-
— Chamei você
aqui para dizer que eu aceito.
Amei!!!!!
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