Primeiras impressões: Watcher



No segundo semestre desse ano, a emissora coreana OCN tem um calendário recheado de estreias bastante esperadas. Watcher é uma delas, atraindo atenção mesmo antes do seu início por seu forte elenco, com Han Suk-Kyu (retornando à TV desde Romantico doctor, Teacher Kim), Kim Hyun-Joo e Seo Kang Joo, o mesmo diretor de títulos como Memories of the Alhambra e Stranger e roteirista de The Good Wife

O drama policial em seus primeiros minutos já apresenta o melhor do estilo OCN: ação (e boa ação!), atritos, acontecimentos marcantes do passado, traumas, mistérios e muita investigação.

Em Watcher todo o suspense e ação vêm na forma da história de Do Chi-Gwang (Han Suk-Kyu), um policial veterano e de elite, que dedica sua carreira a investigar policiais maus(como ele mesmo fala) e corruptos; Han Tae-Joo (Kim Hyun-Joo), uma ex-promotora que, desde um evento traumático em seu passado, atua como advogada de defesa; e Kim Young-Koon (Seo Kang Joon), um policial novato e cheio de paixão, que atua na patrulha de trânsito mas obviamente anseia por fazer muito mais.

As vidas dos três personagens já haviam sido ligadas no passado, em um momento sombrio para todos: o pai de Young-Koon, que era superior de Chi-Gwang, assassinou a esposa, ele ainda criança foi a testemunha, e Tae-Joon fora a promotora que o investigou e acusou. Porém, ligaram-se novamente ao se envolverem de diferentes formas em um caso que parecia ser muito mais que um motorista que fugiu de uma multa, e realmente era.

A partir daí, se formou o time especial de investigação de relações internas.

Han Suk-Kyu está ótimo em um ótimo papel. Logo em sua primeira cena é possível sentir como é um homem firme, obstinado, que sabe calcular seus passos, medir prioridades e optar pelas melhores rotas de ação, transparecendo toda sua experiência. É claramente competente e líder, sem ser desnecessariamente rude e arrogante como a maioria dos personagens são retratados. Além de saber trabalhar em equipe, confiando nos colegas e valorizando-os. Imediatamente o personagem ganha simpatia e respeito do espectador com seu carisma.



Seo Kang Joon, na pele de Kim Young-Koon, surpreende com sua atuação, mostrando um personagem expressivo mesmo sério e que diz muito até em silêncio. Os seus olhos falam tudo que se precisa saber e perceber sobre o personagem naquele momento, e criam todas as perguntas também. Um policial jovem e cheio de paixão e coragem, mas que não é idiota. Inquieto, não fica parado quadro algo o deixa curioso, entender e saber parecem se tornar fundamentais para dar um próximo passo sabendo onde está pisando.


Young-Koon também é proativo e impulsivo, a ponto de quase ser imprudente, e isso faz dele um ótimo contraste do chefe Do Chi-Gwang, a experiência e inexperiência de um e outro são notáveis. Um tem uma visão ampla das situações e um método calculista para decidir o que fazer, enquanto o outro foca em um objetivo e como alcançar, mesmo que não seja a melhor forma de fazer. Contudo, a maneira como trabalham essas divergências é sensacional, funciona com muita naturalidade. Eles são como luvas encaixando nas mãos um do outro.

A protagonista, Han Tae-Joon, chega linda, se apresenta em toda sua elegância e experiência, extremamente competente, parecendo ter todos os bandidos que são seus clientes na palma de sua mão. Ela é impressionante e, de cara, não confiável, parece ser uma força que vem na direção totalmente oposta dos policiais e estão fadados a colidir.


Inteligente e cheia de recursos, parece estar sempre  pronta para agir, entretanto, nem mesmo sua clara determinação e foco mascaram o quanto Han Tae-Joo parece ainda se encontrar em um estado delicado, devido ao acontecimento no passado que quase lhe levou a vida, a fez deixar de ser promotora e lhe deu um trauma. Isso não a para, no entanto. É uma mulher que perdeu tudo e tem que ficar de pé sozinha para seguir com seguir sua vida, sem se fazer de forte, mas procurando ser de fato, mesmo ainda tendo medos, insegurança, fobias e pânicos.

Roteiro está de parabéns por ter construído tão bem o personagem, com um plano de fundo não previsível nem clichê, a transformando em uma mulher desagradável ou patética, e sim fazendo dela o personagem mais complexo e interessante do drama até o momento. 

Os personagens são bem entrosados, trabalham e relacionam-se bem, além de possuírem química e relações interessantes entre si que incitam a curiosidade para conhecer melhor e ver desenvolver-se mais.

Watcher tem mostrado mais sobre as personalidades de seus personagens que suas histórias, seguindo um ritmo devagar nesse quesito, com a promessa clara de que o momento de se abrir sobre isso chegará. O que nos resta é esperar para realmente fazer as nossas apostas e criar palpites. Enquanto isso ficamos com boas cenas de ação, que transmitem perfeitamente a urgência de cada caso sem parecerem uma bagunça difícil de compreender, ou absurdas demais; cinematografia com influências hollywoodianas, cortes e enquadramentos interessantes e de qualidade; as simbologias utilizadas, sobreposição sutil de imagens da realidade com o estado mental assustado e traumatizado do personagem em cena sem causar uma confusão e sim um enriquecimento da experiência; a substituição de músicas de fundo por silêncio, mantendo a cena centralizada em um ponto, seja este um diálogo ou apenas uma expressão ou ação.

E, claro, ótimas ações que completam o pacote das minhas expectativas.


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